MAIO… VERDE
MAIO… JÁ COM CEREJAS E EU AINDA CÁ POR LISBOA!
Se tivesse concretizado PS não planos respeitantes ao mês de maio agora findo, talvez o conteúdo deste artigo fosse
diferente, mas como em Lisboa onde tive de permanecer por razões particulares a
realidade foi outra, não pude comparecer em Montalegre no Sexta-Feira Treze nem
em Vila Rneal no encontro anual dos meus colegas e amigos do SVR – eventos que
tiveram lugar nos dias 13 e 21, respetivamente.
Assim tive tempo para ler os livros
Memórias do Barroso e Des-Cobrir a Europa com o subtítulo Filhos
de Impérios e Pós-Memórias Europeias
em cuja leitura fui ocupando algum tempo livre.
O primeiro
descreve as vivências e memórias do António Fontes interligadas com as
tradições, usos, costumes, religião, etnografia, antropologia, medicina popular
e outras estórias barrosãs. Apesar de tudo parecer bem enquadrado na paisagem
natural e humana característica dos lugares situados entre as serras do
Leiranco, Barroso, Larouco, Mourela, Peneda, Gerês…, e de o autor contar com a
coordenação responsável de três colaboradores que integram o Clube UNESCO da
Maia, a edição pertencente à Âncora Editora, sempre atenta e interessada na
divulgação do património etnográfico e antropológico transmontano, bem merecia
ter continuidade relembrando gentes que vivem e contemplam outras altitudes
como o Marão, Padrela, Alvão, Brunheiro, Santa Comba, Nogueira, Bornes e outras.
Como cidadão de um dos
municípios do Alto Tâmega e conhecedor também da geografia, história e do
território barrosão onde o P. António Fontes, contemporâneo e amigo desde o
tempo de estudante, foi Pontifex Maximus em mais um Sexta-Feira Treze, ouso acrescentar
o seguinte:
Ao reler as memórias referidas
e as que eu próprio tenho do seu Barroso, vejo-me tentado a dizer que o P. António
L. Fontes se tivesse sido nomeado bispo da diocese a que pertence, como
seguidor das pegadas de Frei Bartolomeu dos Mártires, Bispo já canonizado como
santo, mereceria como ele idêntico reconhecimento da hierarquia eclesiástica
uma vez que já ascendeu a um nimbo de santidade popular equivalente.
Ao calcorrear tantos vales,
córregos e montes, subindo e descendo as lindas serras do seu pátrio Barroso,
que assim lhe permitem descobrir, gozar e descrever as belezas da Terra Mãe bem
como as tradições antropológicas e culturais com raízes nos antepassados –
ainda visíveis na atualidade –, o P. Fontes vai relembrando também as suas
memórias bem como as dos contemporâneos e amigos que vai conhecendo, retratando
e ajudando, sempre atento ao que se passa no dia a dia, apesar de se encontrar
algo debilitado.
Refletindo um pouco no que
vemos e ouvimos, nomeadamente no que diz respeito aos direitos e deveres que
irmanam e devem unir os europeus e todos os cidadãos, ao reler a lição de UM
LOBO RACISTA, contemporâneo do seu amigo
Mário, uma criança macanha que um oficial de Tourém, no cumprimento do serviço
militar na Guiné, trouxe em 1965 para Tourém e o P. Fontes adotou, pergunto a
mim próprio: não deveria este texto integrar uma Antologia Escolar bem como O
PLANO NACIONAL DE LEITURA para os nossos adolescentes e jovens lerem e comentarem?
Para que os leitores curiosos
possam apreciar algo do que representa e traduz o espírito missionário,
solidário e também jocoso deste barrosão de quem fui contemporâneo nos meus
tempos de estudante, aqui vai o aperitivo:
“O Mário integrou-se a
custo, na escola primária e fez a 4ª classe. Foi o 1º da raça negra a entrar
nesta região. O Paulo do grilo quando o pai lhe mandou dar um beijo ao Mário
recusou-se dizendo que não dava porque tinha a cara suja. Outros diziam: eu se
o vejo de noite fujo. Um dia em Montalegre, ao lhe chamarem preto já seguro da
sua identidade, responde: branco é o papel e eu limpo o cu a ele”.
Comparando os tabus da nossa juventude
em que “tudo o que sabia bem ou era proibido ou era pecado”, – assim
relembra o P. Fontes – com as liberdades de que gozamos atualmente, como é que
poderemos re-des-cobrir a Europa, território onde residimos e deveras
cobiçado por filhos de tantos impérios já extintos ou em vias de extinção?
Compete a cada um de nós gizar
e cumprir planos de vida e ação para que a imagem do mundo melhor, ambicionada pelos
homens e mulheres de boa vontade seja uma realidade palpitante, viva e perene no
dia a dia.
Se quem nasceu e sempre viveu
em Portugal, onde usufrui agora como cidadão europeu de liberdade, paz,
democracia e certas regalias sociais, também não pode esquecer os muitos
compatriotas nossos que desejam gozar de idênticos direitos.
E ao recordarmos que dos
nossos antepassados, nas suas voltas pelo mundo para descobrir e conhecer
outras paragens, uns por lá se foram fixando, mas outros regressaram como torna
viagens, retornados, emigrantes e turistas, também devemos estar atentos aos
que por vontade própria ou impelidos pelas circunstâncias da vida procuram este
cantinho europeu à beira mar plantado para connosco viverem e partilharem tudo
a que temos direito.
Parecendo os tempos atuais
algo difíceis e problemáticos como resultado das mudanças climáticas e dos
erros humanos
praticados como consequência
da descolonização e das guerras, compete à Mulher e ao Homem manter a família
unida no aconchego do seu lar, de modo a que a prole gerada possa crescer e
valorizar-se na senda do progresso, tradições e valores que defendemos e
desejamos perpetuar.
Mas como nas instâncias
europeias ou internacionais são os dirigentes eleitos democraticamente que nos
representam, temos de lembrar-lhes que se é dignificante ver que Portugal, ao
participar e contribuir interventivamente nos areópagos onde tudo se decide, recebe
em troca alguns benefícios e boa nota dos serviços noticiosos no que respeita
ao desempenho dos Portugueses na onda de solidariedade que nos une à Urânia,
não podem esquecer-se de quem moureja, sofre e vive dentro do nosso País.
P. S. - Os valpacenses
que me desculpem, mas como não recebi ainda o último número do Negócios de
Valpaços nem fui alertado pelos meus conterrâneos quanto a novidades espectáveis,
para falar da realidade concelhia só depois de passar uns dias em Midões e Vale
de Espinho terei inspiração e atrevimento para tal.
Aqui fica a promessa com desejo de cumprir: logo que as circunstâncias sejam propícias, começarei a escrever algo relacionado com os projetos concelhios e autárquicos, sem esquecer as perspetivas agrícolas minhas e dos dirigentes das Cooperativas, Entidades e Associaçõesi 🌃
que me representam.
Em Argeriz vamos ter este
ano a Festa da Cereja, retomando assim uma iniciativa interrompida pela Covid-19?
É que urge proporcionar de
novo, na zona onde se realizam já grandes eventos, condições de venda direta
com divulgação televisiva, como vem acontecendo na Feira do Folar e Castemonte
que anualmente trazem a Valpaços e Carrazedo de Montenegro milhares de
forasteiros.
Os produtores da suculenta,
doce e saborosa cereja de Argeriz e das terras limítrofes bem merecemos essa
atenção!
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